Há um ano e três dias, nascia este blog. Ele já era gestado
no meu coração e no meu pensamento há muito tempo, mas foi só em 06/12/2012 que
o pari, finalmente. Veio suado, dolorido, cheio de cicatrizes e histórias
tristes para contar. Mas nasceu também como a lembrança que vem clarear o dia
nublado com a perspectiva de dias melhores.
Começou pequenino, como uma sementinha de gergelim. Aquela
mesma que, por tanto tempo, era o apelido carinhoso do meu pequeno Bento, que
agora dorme ao meu lado. Eles cresceram juntos, lado a lado. Mais um seguidor,
outro comentário carinhoso, barriga que cresce e bebê que engorda.
Aqui, geramos amizades, histórias, sorrisos, vitórias. E gestei
o amor da minha vida. Como não achar que este cantinho trouxe sorte? E assim,
para comemorar seu primeiro aniversário, relembrando o nascimento deste
humilde, mas querido, blog, finalmente pari o relato do parto do Bento, o bebê
gergelim.
Parte I
Sexta-feira, 18/10/2013. Eu completava 37 semanas de uma
gestação saudável, linda, feliz. Não posso dizer que foi tranquila, apesar de
ter transcorrido sem intercorrências, pois aqueles fantasminhas do passado
ainda me assombravam. Mas foi deliciosa, isso foi. Comemoro o marco – agora Bento
não é mais prematuro e pode nascer a qualquer momento. Quem diria que este dia
chegaria? Eu, um ano atrás, não pensava que seria assim tão rápido. Mas está
aqui. Feliz! Convido Bento a vir para este mundo, com este post, sem imaginar que ele
aceitaria minha sugestão sem pestanejar.
Recebemos uma amiga querida para jantar e ficamos, eu, ela,
marido e barriga comendo pizza, batendo papo e dando risada até uma hora da
manhã. Marido e eu ainda aproveitamos o que seria nossa última noite como dois,
conversamos, namoramos, rimos e finalmente dormimos quase 3 horas da manhã.
Sábado, 19/10/2013. 37 semanas e 1 dia. Acordo e olho as
horas no celular. São 7h36. Meu estômago ronca e minha bexiga está estourando,
como todas as manhãs destas últimas semanas. Sinto também um leve incômodo na
barriga, acho que a pizza do dia anterior não me fez bem. Levanto e vou até o
banheiro, sonolenta. Faço xixi normalmente e, quando me inclino para alcançar o
papel higiênico, sinto mais líquido escorrer. “Estranho!”, penso. O sono fala
mais alto que a fome e resolve voltar para a cama. Faço o famoso teste de
deitar de lado e tossir, mas nada acontece. Decido que não era nada. Até fazer
outro movimento e molhar meu pijama. Ops! Corro para o banheiro, me inclino e a
água sai novamente. É transparente. Tento sentir o cheiro de água sanitária que
tanto falam, mas nada. A essa altura o sono já passou e estou curiosa. Deixo o
short molhado no chão do banheiro, me troco e vou para a sala comer alguma
coisa para não acordar o marido.
Como, assisto um pouco de televisão. Banheiro novamente.
Mais líquido. Desta vez o cheiro fica nítido e meu coração acelera. Começo a
conversar com o Bento “Você quer vir, filho?”. Estou calma, feliz, tranquila. Decido
não acordar o marido, ele só vai ficar ansioso e nervoso à toa. Nem sentia contrações
ainda, só uma leve cólica de vez em quando. Ainda vai demorar. Isto se for
trabalho de parto mesmo, vai que a bolsa nem estourou? Lembro que minha médica
está viajando, de férias, e agradeço mentalmente o destino por ter conseguido
me consultar com a Dra. Cátia, que a substituirá, na semana anterior. Começo a
perceber que seu nascimento está próximo. Dia 19/10. Não quero que ele nasça em
dia ímpar! Mas sei que ele só chega amanhã. Dia 20. Lindo! 20/10. Me acalmo e
sorrio
9h46. Marido me chama pelo whatsapp. “Kd vc?”. Vou
encontrá-lo e não consigo segurar o sorriso. Juro que tentei ser mais sutil
para não assustá-lo, mas não consigo. Ele está no banheiro. Olho para ele, caio
na risada e pergunto: você está pronto para ser pai? Ele se assusta e já pergunta
o que aconteceu. “Acho que minha bolsa estourou”. Desespero total. Ele diz que
reparou no meu short molhado, mas achou que era xixi. Já quer ligar para todo
mundo, obstetriz, médica, pai, mãe, papa. E eu rolando de rir, não conseguia
conter a risada. Tentava acalmá-lo. “Calma, amor! Lembra do encontro com a Dra.
Betina, só temos que ir ao hospital com contrações de 3 em 3 minutos. Elas mal
começaram!”. Resolvo tomar um banho. Delícia! Não paro de rir. Começo a me
depilar e ele surtando do meu lado. “Pára com isso! Não abaixa, não faz força,
não agaixa!”. E eu só ria – e continuava o que estava fazendo. Ia depilar com
38 semanas, não queria parir parecendo uma macaca, né?
Saio do banho e decidimos ligar para a obstetriz. Ela me
atende, está em um evento em Diadema – o que é ótimo, visto que moro em São
Bernardo do Campo. Diz que me liga quando sair de lá, o que acontece por volta
do meio-dia. Ela chega, ouve o coraçãozinho do Bento, que está ótimo, mede
minha pressão. Não faz o toque, já que estou com bolsa rota, para evitar risco
de infecção. Já sinto alguma contrações, nada muito dolorido, a cada 10 minutos
mais ou menos. Ela vai embora e diz para que eu me movimente, ande, passeie,
coma, faça o que quiser. Vamos mantendo contato.
Almoçamos e decidimos caminhar um pouco na área de lazer do
prédio. Mal saímos e um vento gelado nos atinge. Esfriou demais, não vai dar
não! Voltamos e encontramos uma moça com uma criança no elevador que diz: olha
mamãe, tem um bebê na barriga dela! E eu no meio da contração digo: é, tem um
bebê querendo nascer! Rs! Marido diz que minha bolsa estourou, chegamos no
nosso andar e vamos embora. Foi engraçado ver a cara de espanto dela.
Deitamos no sofá e cochilamos um pouco. De repente acordo,
as dores estão mais intensas. Está passando campeonato de rugby na tv e marido
capotado. Não consigo mais dormir, a dor não deixa. Fico em dúvida se começo a
cronometrar ou não, tenho medo de me apegar a isso e travar o TP. Baixo um app
que conta as contrações. A Maíra, obstetriz, me liga e diz que a Dra. Cátia
acha melhor eu fazer uma sessão de acupuntura para acelerar o trabalho de
parto, uma vez que já são quase 6 horas, quase 12 de bolsa rota, estou só de 37
semanas e não fiz exame de strepto. Comento que as contrações já estão mais
fortes e frequentes e, sendo assim, desistimos da ideia. Está engrenando
naturalmente.
Começamos a cronometrar, estão por volta de 8 em 8 minutos
ainda. Vamos esperar mais um pouco, quando perceber que estão mais próximas
contamos novamente. E assim vai caminhando. Sinto as contrações ficarem cada
vez mais fortes, mais próximas e mais longas. Vamos arrumar as malas enquanto
isso, e os intervalos já estão por volta de 5 minutos ou menos, as contrações
com mais de um minuto de duração. Peço para o marido ligar para a Maíra, seria
bom ela vir aqui me avaliar. Ela diz que deve demorar por volta de uma hora,
seria melhor nos encontrar aqui ou no hospital? Decidimos esperar em casa e
continuamos cronometrando. A dor começa a ficar mais forte, intervalos variam
de 4 a 3 minutos e começo a ficar tensa. O trajeto até o hospital é de quase
uma hora sem trânsito. Tudo bem que é sábado, mas vai quê, né? Peço para o
marido ligar para ela novamente e recombinamos – vamos nos encontrar no
hospital.
Meu cunhado chega para buscar a Catarina, nossa filha
canina, e saímos apressados, aquele clima de festa, de chegada – e de dor. Eu
me contorcendo na porta do carro e eles insistindo em instalar o bebê conforto.
“Deixa isso pra lá!”. Pronto. Entramos no carro e vamos.
Nossa que tranquilidade, queria tantoo ser assim, eu sou super ansiosa com as coisas e acho que esse é um dos motivos de eu ter desistido do PN , além de outras coisas.
ResponderExcluirE eu tb comecei a perder líquido e nunca senti o tal cheiro de desinfetante.
Beijos
Ai que emoção!!
ResponderExcluirDelícia ler essa primeira parte!
Doida pra ler a segunda parte, vai sair quando? rsrsrs
Beijo em você e no Bento!
Que coisa liiinda!!! Quanta tranquilidade! Queria eu ser tranqüila assim :D
ResponderExcluirBeijinhos
Nossaa
ResponderExcluirli tudo com o coração na mão
parabéns pela tranquilidade
estou curiosa para o fim do relato
bjaoooo
heheh que maravilha a calma ajuda tanto nessas horas..queria ser assim tranquila mas acho que vou sair pulando gritando sei lá o que kkkkk
ResponderExcluirbeijoss
gnt quanta tranquilidade rs, to louca para ler a segunda parte!
ResponderExcluirque tranquilidade!
ResponderExcluirChorei. Se Deus quiser o dia que chegar a minha hora eu vou estar tão tranquila como você esteve!
ResponderExcluirParabéns mais uma vez Loroca!
Que lindo! Quero ser tranquila como você quando chegar a minha hora. To aqui aguardando ansiosamente a segunda parte!
ResponderExcluirRita
ai que tranquilidade, e que emoção!!! Esperando ansiosa pelo proximo post.
ResponderExcluirCaio, o melhor presente
Oii!! Ainda bem que você ficou calma...Tô tensa só de ler o seu relato!! =)
ResponderExcluirOwnn, que lindo! Amei tua tranquilidade! Já tô ansiosa pelo restante do relato! :)
ResponderExcluirOi! Que post lindo! Parabens por ter se permitido viver esse momento!
ResponderExcluirVi num dos primeiros post di blog que tem trombofilia, mas depois vc n comentou mais nada sobre as injecoes de anticoagulante. Voce tomou elas durante a gravidez do bento?
MTHFR em homozigoze
Rany
Rany,
ExcluirSou homozigota para MTHFR também e sim, usei anticoagulante a gravidez toda. Aliás, tive que usar até 35 dias depois do nascimento - só não tomei quando entrei em trabalho de parto.
É chatinho, mas a gente acostuma. E vale super a pena por esses pequenos!
Se tiver mais alguma duvida, fique à vontade para perguntar!
Bjs
Emocionante!!!!
ResponderExcluirJa estou ansiosa pela segunda parte!
Bjus
http://seraquevousermae.blogspot.com.br/
Ai meu Deus!!! Ansiosíssima pela segunda parte!! =DDDD
ResponderExcluirQue lindo!!!
ResponderExcluirUma mãe preparada e tranquila!
No dia que li não tive tempo de comentar!
ResponderExcluirMas que delícia!!! E felicidade tb!!!
Aguardo ansiosamente a segunda parte!
Bj bj bj
Eu estava perdendo isso!! Grazadeus que já vi que já saiu o segundo. hahah
ResponderExcluirQue delícia ler que vc sorria no início do TP, segura e tranquila. Linda!
(mas esse parto pra mim começou com aquelas BH do dia que ficou lavando roupa em pé, lembra? Mata a amiga do coração! hahahaah)