sábado, 21 de dezembro de 2013

2 meses de Bento


Hoje meu pequeno completa dois meses de vida. Nossa, que coisa esquisita é essa. Ao mesmo tempo que penso que passou muito rápido, tenho a impressão de que ele esteve aqui, na minha vida, desde sempre. Amor demais.

Ele está cada dia mais lindo, gostoso e gorducho. Muda tão rápido! Ele ainda é tão novinho, mas não sinto mais que tenho um RN em casa. Já começo a perceber suas particularidades, preferências, seu ritmo - realmente nos entendemos cada dia melhor.

É muito louco como um amor, já tão infinito, pode crescer mais e mais a cada dia. Enquanto escrevo, na sala, ele dorme no moisés no meu quarto - e parece tudo tão vazio! Sinto um ímpeto constante de ir lá pertinho, ver seu rostinho, sentir seu cheiro, ouvir sua respiração. E estamos só a um cômodo de distância. Freud explica.

Bom, mas vamos lá aos fatos marcantes do mês:

- Teve muitas crises de choro neste mês, principalmente nas últimas semanas. Teve uma noite que ficamos, marido e eu, nos revezando e tentando de tudo para que ele parasse de chorar e dormisse - o que só conseguimos às 4h30 da manhã! Chegamos a encher o balde e foi por pouco que ele não ganhou seu primeiro banho da madrugada. Filho, agradeça às propriedades mágicas do sling!

- Passou em consulta com a pediatra dia 14/12 (antecipado por conta das festas de final de ano). Já cheguei comentando com ela que achava que tinha alguma coisa acontecendo com ele por conta de todo esse chororô. Ela disse que o segundo mês de vida é difícil mesmo para os bebês, por conta dos picos de crescimento. De qualquer forma, como ele anda vomitando e regurgitando muito, e percebo que isso o incomoda, ela prescreveu um remedinho antroposófico para ele. Agora são dois: um para refluxo e outro para cólica.

- Aliás, descobrimos que suco de laranja / limão era o grande causador das cólicas dele. Cortei eles da minha alimentação e agora essas temíveis dores que o perturbavam quase não aparecem mais. Mesmo assim, ele ainda se contorce bastante para soltar pum e fazer cocô, mas nada que uma massagenzinha com as perninhas não resolva (e ele adora!) - mesmo que seja no meio da noite.

- Tem dormido cada vez melhor, principalmente no primeiro sono da noite. Normalmente embala das 20h00, mais ou menos, às 1h30. Depois disso é uma incógnita. Rs!

- Começou a imprimir seus próprios horários, principalmente para o sono. Começou a dormir mais cedo e acabou ficando alguns dias sem banho por conta disso.

- Ainda não consegui estabelecer uma rotina para ele, principalmente durante o dia. Mas estamos evoluindo.

- Está medindo 56cm e pesando 4.640kg. Engordou um quilo em menos de 1 mês! Isto equivale a 42g por dia, somente com o leitinho da mamãe.

- Está cada dia mais risonho e interagindo com a gente. É a coisa mais linda e gostosa do mundo!

- Não chora mais para trocar a fralda - pelo contrário, agora gosta e ri um monte quando o coloco no trocador, principalmente quando canto "O Sapo Não Lava o Pé" para ele. Aliás, ele adora música e que cantem para ele.

- Continua chorando quando sai do banho, no entanto.

- Adora o pai dele. Às vezes, de madrugada, fica olhando para o pai, que está capotado, e rindo.

- Começou a prestar atenção nos brinquedos e gosta de olhar para o móbile do berço, que a Titia Paula deu. Ri até para os bichinhos pendurados, especialmente o coelho amarelo e o urso azul.

- Os olhinhos continuam claros e lindos. Espero que puxe o papai e continuem assim!

- Tive minha primeira crise de desespero com ele essa semana, na segunda-feira. Que dia difícil, nada resolvia, ele chorava muito, não dormia, e eu chorando junto. Ainda bem que passou!

- Aprendeu a gostar do sling - ou fui eu que aprendi a colocar? Às vezes reclama quando o coloco lá, se estica todo e chora. Mas é só andar pela casa por 5 minutos que ele dorme um soninho gostoso e pesado. Se acorda, tem que descobrir cabecinha, senão ele fica nervoso - e aí ele dorme de novo.

- Hoje tomou as terríveis vacinas dos 2 meses. Gente, eu sei que é um mal necessário, mas olha... que dó! Disse para ele que não vou mais deixar ninguém dar vacina nele, porque é pecado demais! Mais uma vez não consegui segurá-lo, marido ficou com ele e eu fiquei lá fora. Chorava de soluçar ouvindo o chorinho dele lá dentro, até agora dói até o coração ao lembrar. Logo que saiu da sala dormiu e eu achei que seria tranquilo. Ledo engano. À tarde, ele estava mamando tranquilo quando, de repente, do nada, começou a chorar da maneira mais dolorida possível. Gritava, gritava, soluçava, as lágrimas escorrendo. Nada o acalmava. Quando ele finalmente dormia, se assustava no sono e, com o espasmo, doía a perninha e começava a chorar de novo. Até dormindo ele gemia. Teve 38,2 de febre, o colocamos no banho, e ele gritando. Que desespero! Marido e eu tentando ficar fortes para acalmá-lo, mas era difícil segurar as lágrimas. Finalmente conseguimos falar com a pediatra e, depois de dar umas gotinhas de Tylenol, tudo melhorou. Ele até voltou a sorrir!
Uma coisa eu sei: dor e doenças em bebês e crianças deveriam ser proibidas. Juro.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Nascimento - O relato de parto do Bento (parte III - final)

Eu tremi durante o TP. Mas tremi muito. Constantemente. Não conseguia parar, minhas pernas se debatiam loucamente e isso me irritava. Frio, frio, muito frio. Me cobre! Até chegar a contração. E aí voava coberta para todo lado, muito, muito calor!

Chegou a anestesista. Senta na maca, apoia na enfermeira. Fica bem imóvel agora. Rá! Como assim? Eu tremo, Dra! Muito! Contração. Não se mexe! Não dá! Pronto. Daqui a pouco melhora.

Aos poucos a dor foi aliviando. Eu era uma nova pessoa! O sono passou e a festa se instalou na sala. Todo mundo conversando, rindo, uma beleza. Espero 40 minutos e a Dra. Cátia pede para que eu caminhe para auxiliar a dilatação. Ainda sinto dor, mas bem mais fraca. Saio para o corredor, marido me acompanha e carrega o soro. Ando. Volto, todo mundo dormindo, exausto, devem ser umas 5h00. A dor está voltando a ficar forte. Elas dizem que é melhor reforçar a anestesia antes do pico da dor, então recebo mais uma dose. Dra. Cátia verifica o cardiotoco e vê que as contrações estão mais espaçadas. Droga, é a porcaria da anestesia. Dá-lhe ocitocina. Tudo o que eu não queria! Mas agora não tem mais jeito.

Esta dose foi mais forte, não sinto mais nada. Fico triste, não era isso que eu queria. Mas vamos lá. Dra. pergunta se estou com vontade de fazer xixi, às vezes a bexiga cheia dificulta a descida do bebê. Digo que não sei, não estou conseguindo sentir. Ela pede que eu faça força enquanto me toca. Faço xixi nela e nem percebo. Vergonha define! Rs! Agora acho que vai.

Toque. 9 cm. Está perto, muito perto! Começo a entender o que aquilo significa. Comento com marido: “amor, o Bento vai chegar! Todo este processo vai levar ao nascimento dele!” Parece que a gente se esquece disso por alguns momentos. Me emociono com esta constatação. Começo a me preocupar. Cadê a pediatra que não chega? Pronto, chegou. Fofa! Ufa! Conversa conosco e diz que vai tomar um café, mas brinca que nunca consegue e que dá sorte. Me preocupo, será que dá tempo?

Toque. 10 cm com um rebordo. OMG! Sento no banquinho. Marido senta atrás de mim e me escora, enquanto Dra. Cátia está sentada no chão. Faz força. Cadê a pediatra? A anestesia foi forte demais, precisamos sentir as contrações com a mão na barriga. Droga, não queria estar tão anestesiada assim! Mas agora é tarde. Me seguro no banquinho e faço força. Muita força. Acaba o ar, inspiro, seguro e foooorça. Dra. Cátia pede para a força ser mais longa. Vou tentando. Ela diz que já vê a cabecinha. Tira uma foto e me mostra aqueles cabelinhos surgindo. Dra. Sandra, a pediatra, volta, rindo, e diz: viu? É só eu sair que engrena! A anestesista, que também havia saído há pouco, entra na sala perguntando: e aí? E se assusta ao ver a cabecinha saindo. Rimos e continuo fazendo força. Maíra tenta escutar o coração do Bento. Nada. Elas se assustam, mas eu estou calma. Sei que está tudo bem. Muda o aparelho, muda a posição. Lá estão os batimentos, ótimos como sempre!

Mais fotos, mais cabelinho aparente. Minha sensibilidade começa a voltar. Sinto que tudo está se esticaaaaaando e sei que é sua cabecinha saindo. Dra. Cátia, suave como sempre, diz: devagar, agora, devagar. Assopra o Bento para fora, só assopra. E assim, em um sopro, a cabecinha vem. Bravo, ele começa a resmungar ali, com o corpinho ainda dentro de mim. Na próxima contração, mais um sopro. E ele chegou.

Nem sei descrever o que senti. Peguei-o no colo imediatamente, tentando acalmar aquele corpinho tão pequeno, mas tão forte. Ele gritou, chegou à vida! E chorou. Pulmões fortes, garganta limpa, mostrou a que veio. Nem consegui chorar, era muita emoção! Benvindo, meu amor! Benvindo! Te amo, filho!

Olhei para trás, procurando marido, que se ocupava de avisar do nascimento por whatsapp. Como assim? Presta atenção aqui! Rs! Dizem que a conversa foi assim: “Está quase, já dá pra ver a cabecinha. Tá nascendo, saiu a cabeça, tá quase... Perdi!”. É cômico, mas poxa! Não foi assim que imaginei.

Mas não importa. Ele chegou. Lindo, saudável, APGAR 10/10. Estamos todos em êxtase, a sala vibra com uma aura clara. Ainda no banquinho, com ele no colo, sinto algo saindo e chamo a Dra. Cátia: acho que é a placenta! Corre de volta! Ploft! Saiu, fácil assim. Espera o cordão parar de pulsar, marido corta o elo que nos ligava como um. E agora somos dois. Dra. Sandra o pega por um momento, não mais que um momento, e pesa seus 2.725kg. O traz de volta para mim e ali ficamos. Grudou no meu peito, e eu me grudei nele, como se o fizéssemos por toda a vida. E mamou o amor que eu transbordava, e nos conhecemos, e nos amamos por quase 40 minutos. Chegou às 7h14, horário de verão. Quase 24 horas após o rompimento da bolsa. E ele veio como eu sempre soube que viria, naquela manhã de domingo que o anunciava desde a gestação, quando eu assim o cantava:

“Na bruma leve das paixões
Que vêm de dentro
Tu vens chegando
Prá brincar no meu quintal
No teu cavalo
Peito nu, cabelo ao vento
E o sol quarando
Nossas roupas no varal...

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais...

A voz do anjo
Sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido
Já escuto os teus sinais
Que tu virias
Numa manhã de domingo
Eu te anuncio
Nos sinos das catedrais...

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais...”
Alceu Valença

A sala de parto é só alegria. Abraços, beijos, fotos, parabéns por todos os lados. Pega lembrancinha do nascimento para todo mundo, eu que fiz! E assim, uma por uma, as queridas que participaram do momento mais mágico da minha vida vão saindo da sala. E restamos nós três, nos conhecendo, nos reconhecendo como uma nova família.

Ficamos por ali por algum tempo, até que chega a enfermeira. Têm que levar meu pequeno para passar pela tal alfândega. Droga! Não estou pronta para me separar daquele corpinho tão indefeso, tão meu, aquela parte de mim que agora não é mais. Começamos a aprender que somos dois assim, tão rapidamente, tão abruptamente? “Não vai demorar não, né?” pergunto. Marido vai junto acompanhar e eu fico ali na sala por mais alguns minutos, até que outra enfermeira vem me buscar. No caminho, ouço um chorinho, forte, e sinto no meu coração de mãe que é meu pequeno clamando por estar onde pertence: o meu colo.

Chego no quarto, sozinha e esfomeada. Cadê todo mundo? Estão lá, babando no pequeno pelo vidro. Chegam mostrando fotos dele, sujinho e peladinho no berço aquecido. E contando que, em meio a três bebês, marido já apontou logo ele: olha o nosso amorzinho lá! Logo ouço um barulho no corredor e digo: deve ser ele! No fundo eu já sabia que era o lanche, mas não custa sonhar, né? Rs!

Marido dá uma saída rápida no quarto e toca o telefone. É da enfermaria, pedindo que levem a roupinha dele, que já o trariam. Que emoção! Logo ele chegou, ainda sujinho de vérnix, no macacão  listrado de macaquinho que eu escolhi com todo o carinho. Eu não me sentia cansada, estava extasiada! Depois de 4 horas fui liberada para tomar banho por conta da anestesia – mas não entendi nada, já tinha andado até na sala de Delivery! Foi um alívio, mas fiquei um pouco assustada com minhas partes baixas super inchadas... Abafa! Rs! Logo começaram as visitas e à noite a enfermeira quis levar ele para o berçário do andar, já que ele estava nauseando e vomitando de vez em quando, por conta do líquido amniótico. Eu relutei, mas deixei, já que ele só ficaria lá por 3 horas. Mas quem disse que fiquei tranquila? 5 minutos depois que ela o levou, eu já estava lá, observando pelo vidro. Logo ela voltou: ele não sossegou, queria a mamãe! Coisa linda! Mamou mais um pouco e ficou lá por pouco mais de 2 horas, para que dormíssemos – coisa que só aceitei depois de muuuuita insistência da enfermeira e do marido.


No dia seguinte, recebi a visita da Dra. Cátia que me passou as últimas recomendações e me deu alta. Não tive laceração, só uma triscadinha, nas palavras dela. Nada de pontos! Santo Epi-No! Cheguei a 27 cm nos exercícios, mas acho que eu era mole demais, já que o perímetro cefálico do Bento era de 33,5 cm! Enfim, no final do dia a Dra. Sandra deu alta para o Bento também e finalmente fomos para casa, no dia seguinte ao parto. E assim chegou o momento mais esperado da minha vida, aquele momento que eu tanto invejava quando visitava a maternidade: colocá-lo no carro e ir para casa! Nossa vida acabava de começar. <3

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

BC - Uma dica que me deram e que deu certo com o Bento

Pensei muito sobre o tema desta semana e confesso que estou com dificuldade para responder. Uma coisa é certa: quando se está grávida, chovem dicas e conselhos e palpites - quer tenham sido solicitados, quer não. Quando o bebê nasce, então, ferrou! Todo mundo tem alguma coisa para falar a respeito do bebê, mesmo pessoas totalmente desconhecidas.

Aliás, isto é uma coisa que tem me incomodado. Tenho a impressão de que todo mundo que olha para mim com o Bento tem um ar de repreensão no olhar. Parece que estou fazendo tudo errado sempre - e, realmente, todo mundo sempre acha que tem um jeito melhor de fazer o que estou fazendo. Acho que é aquela tal onda de enfraquecimento da capacidade da mulher. Uma mania de achar que não somos capazes de parir, de amamentar, de seguir nossos instintos e criar nossos filhos. Ainda quero fazer um post sobre isso.

Bom, com este cenário desenhado, obviamente eu já recebi dicas de todos os jeitos, sobre todos os assuntos. Como fazer o bebê parar de trocar o dia pela noite, como acabar com as cólicas, como trocar a fralda e não assar. Sei que o intuito do tema é exatamente saber sobre dicas objetivas assim. Mas sabe qual foi o melhor conselho que eu recebi? Siga seu coração e use a sua intuição. Ninguém conhece meu bebê melhor do que eu, e eu sou para ele a melhor mãe que poderia ser.

Quem me deu este conselho foi o Dr. Carlos Gonzalez, pediatra espanhol por quem ando in love ultimamente. Leio, leio e leio artigos e livros dele e cada vez ganho mais confiança na minha capacidade de ser mãe - a mãe que eu quero ser, a mãe que eu sei ser - mesmo sem ter anos de experiência, mesmo sendo ele meu primeiro filho. Tento buscar lá dentro as respostas para minhas perguntas, e elas vêm. É só ter paciência e saber confiar.

Confesso que não é fácil. Nem um pouco. Eu sou uma pessoa insegura, busco aprovação constante, então esta é uma tarefa especialmente difícil para mim. Mas, desta vez, eu tenho um motivo maior para seguir o que eu acredito com convicção. Sempre farei o que achar melhor para o meu filho. Mesmo que não seja o melhor para o resto do mundo.

Vou errar? Claro que vou! Assim como todo mundo errou, assim como uma atitude que funcionou com o seu filho pode não funcionar com o meu - afinal, pessoas não são todas iguais. Mas domingo ouvi outro conselho que guardarei e levarei para sempre. Frente a minha preocupação e questionamento sobre estar acertando ou não, meu vizinho disse: o que você fizer estará certo. Todo mundo te dirá como fazer, inclusive eu. Mas, seja o que quer que você faça, será a escolha certa.

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Por indicação da Naity, sou eu que escolho o tema para a blogagem coletiva da semana que vem (que, by the way, cai bem no dia do Natal!). Para comemoramos esta data, sugiro o tema: Como será o primeiro Natal com o baby?. Indico a Mari para sugerir o tema do primeiro dia de 2014!

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Nascimento - O relato de parto do Bento (parte II)

Parte II

Continuo cronometrando, 2, 3 minutos. Às vezes 4, às vezes, 1 e pouco. Buraco. Lombada. Ai. Mais de um minuto de contração, lombar, barriga, cóccix. Aiai. Chegamos, são 21h20. Me alivio ao ver a Maíra nos esperando na porta – não queria chegar antes dela de jeito nenhum. Ela nos orienta: diz que a bolsa estourou às 18h00! Ok. Começamos a fazer a ficha, me chamam e eu entro com ela enquanto marido termina os procedimentos de internação. Deito na maca, cardiotoco. Tudo ótimo, mas a dor tá osso. A Maíra responde a maior parte das perguntas que a enfermeira faz. Chega a hora do toque. Misto de ansiedade, curiosidade e medo. Todo mundo fala que dói horrores! Estou super confiante que já estou bem dilatada, considerando o intervalo das contrações. E aí vem o balde de água fria: 2 para 3 cm. Putz! Como assim? Chego a me perguntar se seria o caso de ir embora, esperar em casa até evoluir mais. Mas acho que nem deixariam isso acontecer.

Subimos para a sala de delivery, com várias paradas no caminho durante as contrações. Vamos só eu e uma enfermeira meio antipática – acho que ela não era muito fã de PN. Marido e Maíra foram colocar roupa cirúrgica. Logo ela chega e eu vou logo falando: só isso de dilatação? Acho que eu não vou aguentar. E ela diz “calma, não pensa nisso agora. Por enquanto você está aguentando”. Marido chega, todo lindo naquela roupinha alaranjada que mais parece de gari. Eu já estou com uma camisolinha que não cobre nada, ajudada por uma outra enfermeira fofíssima que diz adorar PN, ao contrário da maioria, segundo ela. A força já tinha começado por ela: muita gente aguenta, porque você seria diferente? Confio nela e vamos em frente.

A Maíra começa a me sugerir posições. Sento na bola e ela faz massagens nas minhas costas. Ai, durante a contração, não! Dói mais! O tempo vai passando. Entro na banheira, saio, deito na cama, levanto, bola, ando. Tá difícil achar posição, ainda mais com aquele bendito acesso no meu braço – Dra. Cátia preferiu que eu tomasse antibiótico, então lá estava eu com aquele soro pendurado. Tomo um sorvete que a Maíra surrupiou da sala dos médicos dentro da banheira, para dar um gás. Já está difícil ter gás.

Começo a delirar, acho que é a tal partolândia. Sinto um cansaço intenso, durmo entre as contrações, acordo com a dor, mas já nem me sei mais. Olho para a maca de dentro da banheira e só quero não ter mais dor, deitar ali e dormir por uns 3 dias. Já estava pedindo anestesia. Não sei que horas eram, devia ser por volta de meia-noite. A partir daí já não sei muito bem a ordem das coisas. Só sei que eu implorava por um alívio da dor. O que me incomodava, ao contrário do que leio por aí, não era a dor na barriga ou na lombar. Era a pressão. Uma pressão no ânus fortíssima, parecia que ia me rasgar. Comecei a brigar com as contrações, torcia para elas não virem e, quando chegavam, puxava o corpo para cima. A Maíra dizia: para baixo, respira para baixo, abre a pélvis. Eu tentava, mas doía muito.

Chegou comida, não conseguia comer. Precisava, mas não conseguia. Me sentia enjoada. Vomitei. Implorava por anestesia. Dra. Cátia sugeriu tentar um buscopam para aliviar, não era bom tomar anestesia antes dos 5cm, podia comprometer o andamento do TP. Maíra me avalia: 3 para 4cm. Quase morri! Como assim? Com certeza eu não aguentaria, depois de tantas horas só dilatei 1cm? Devia ser umas 2h00 da manhã. Ela diz que o colo não está sendo forçado para baixo nas contrações. Tento fazer exercícios na bola, está difícil demais. Me rendo. Quero ficar na banheira e quero anestesia.

Por puro azar, a banheira, que é o que mais me alivia, também reduz minhas contrações. Mas neste momento nem quero mais saber, só quero parar com a dor. Fico ali mais um pouco e finalmente a Maíra diz que a Dra. Cátia já está a caminho e a anestesia será dada. Respiro aliviada, estava totalmente certa de que isto era necessário para a evolução do TP. Minha resistência estava atrapalhando. Pelo menos o Bento estava ótimo. Mais que isso, os batimentos dele aceleravam durante as contrações, ao contrário da maioria dos bebês que apresentam queda. É um farrista, adora um abraço apertado! <3


Deito na maca e começo a observar o relógio. São mais de 3 da manhã. Clamo pela Dra. Cátia e a Maíra me assegura que ela está a caminho. Os minutos não passam. Ela chega, finalmente. A sala parece se encher de paz, que aura linda ela tem! Chega carinhosa, fofa, com fala mansa e baixa. Já começo me desculpando, digo que não aguentava mais, imploro anestesia. Ela garante que a anestesista já está chegando, só mais uns 15 minutinhos. Nossa, como eles demoram a passar! Ela me examina novamente e, surpresa, constata: 6 para 7cm! Marido, lindo, e sabendo da minha imensa  vontade de não tomar anestesia, tenta me convencer. “amor, falta pouco!” Mas para mim não dava mais, minha decisão estava tomada.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

BC - Como foi minha primeira semana com o Bento

Pausa no relato de parto para participar da minha nova fase de Blogagem Coletiva - agora como nova mamãe! Mas amanhã tem a parte 2, não percam!

Ok, continuando...

Minha primeira semana com o Bento. Gente, que difícil lembrar como foi. Acho que a partolândia se estende para o puerpério, viu? Parece que este começo se mistura na minha cabeça e é difícil lembrar a ordem e momento dos acontecimentos.

Mas vamos lá. Eu tive ajuda neste começo e, na primeira semana, marido ficou em casa de licença paternidade, o que foi ótimo. No geral, foi menos traumático do que eu imaginei que seria com relação ao Bento, mas gente, tenho que falar. Não visitem recém-nascidos na primeira semana, por favor! Rs! A não ser que você seja da família próxima  - aí sim, vocês são totalmente esperados e benvindos. Eu sou meio neurótica com relação a ele, então sofri um pouco quando vinham visitas, especialmente as totalmente sem noção. Cheguei até a chorar um dia por conta disso. Eles são muito pequenos e precisam de calma, tranquilidade e, principalmente, conhecer o papai e a mamãe primeiro.

Claro que tivemos noites de choro (minhas e dele) em que ficamos marido e eu balançando ele de um lado para o outro sem saber o que fazer. Quer dizer, eu sabia o que fazer, tinha que amamentar, mas tentava pensar em outras alternativas para acalmá-lo. Sim, ele mama super bem, em livre demanda, mas o comecinho dói. Muito. Machuca, sangra, a gente se desespera quando eles choram querendo mamar. teve uma noite em que até tentamos oferecer a chupeta em uma dessas madrugadas, por tipo 10 segundos. Ele cuspiu, óbvio, aí desistimos. Ele não gostou (e nem demos muita oportunidade disso acontecer)! Rs! Amamentei chorando algumas madrugadas, mas sabia que era para o bem dele e era isso que ele queria e precisava. Ainda bem que passou.

As trocas de fralda também eram desesperadoras. Eu nunca tinha trocado uma fralda na vida, e o desespero dele nesse momento não ajudava muito. Ele chorava MUITO. Choro nível "estão me torturando", com direito a gritos e tudo o mais. Eu ainda não tinha confiança na troca, sou super perfeccionista e detalhista e queria limpar tudo direitinho e, muitas vezes, tinha plateia para apreciar a minha falta de habilidade. Junte a isso um bebê se desesperando, balançando as perninhas loucamente e uma tentativa (normalmente fracassada) de fazer tudo rápido para ele parar de chorar (e para a visita não achar que eu sou uma mãe completamente despreparada - o que era um pouquinho verdade). Pronto, vocês já conseguem ter uma ideia da situação.

O choro se repetia depois do banho - na verdade, esse permanece até hoje, então tivemos um pouco de dificuldade em estabelecer o horário dele. Mas enquanto está dentro da água ele se delicia, e é muito gostoso ver a alegria e o relaxamento dele nesse momentinho.

Além disto, foi uma semana deliciosa. No geral, eu nem me sentia exausta como imaginava. Fui invadida por um amor imenso, e acho que a ocitocina ainda rolava solta por aqui. Foram centenas de fotos, muito colo, muito aperto, abraço, chamego e carinho. Foi uma semana de muito aprendizado mútuo e somente a primeira do resto das nossas vidas. <3

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Nascimento - O relato de parto do Bento (parte I)

Há um ano e três dias, nascia este blog. Ele já era gestado no meu coração e no meu pensamento há muito tempo, mas foi só em 06/12/2012 que o pari, finalmente. Veio suado, dolorido, cheio de cicatrizes e histórias tristes para contar. Mas nasceu também como a lembrança que vem clarear o dia nublado com a perspectiva de dias melhores.

Começou pequenino, como uma sementinha de gergelim. Aquela mesma que, por tanto tempo, era o apelido carinhoso do meu pequeno Bento, que agora dorme ao meu lado. Eles cresceram juntos, lado a lado. Mais um seguidor, outro comentário carinhoso, barriga que cresce e bebê que engorda.

Aqui, geramos amizades, histórias, sorrisos, vitórias. E gestei o amor da minha vida. Como não achar que este cantinho trouxe sorte? E assim, para comemorar seu primeiro aniversário, relembrando o nascimento deste humilde, mas querido, blog, finalmente pari o relato do parto do Bento, o bebê gergelim.

Parte I

Sexta-feira, 18/10/2013. Eu completava 37 semanas de uma gestação saudável, linda, feliz. Não posso dizer que foi tranquila, apesar de ter transcorrido sem intercorrências, pois aqueles fantasminhas do passado ainda me assombravam. Mas foi deliciosa, isso foi. Comemoro o marco – agora Bento não é mais prematuro e pode nascer a qualquer momento. Quem diria que este dia chegaria? Eu, um ano atrás, não pensava que seria assim tão rápido. Mas está aqui. Feliz! Convido Bento a vir para este mundo, com este post, sem imaginar que ele aceitaria minha sugestão sem pestanejar.

Recebemos uma amiga querida para jantar e ficamos, eu, ela, marido e barriga comendo pizza, batendo papo e dando risada até uma hora da manhã. Marido e eu ainda aproveitamos o que seria nossa última noite como dois, conversamos, namoramos, rimos e finalmente dormimos quase 3 horas da manhã.

Sábado, 19/10/2013. 37 semanas e 1 dia. Acordo e olho as horas no celular. São 7h36. Meu estômago ronca e minha bexiga está estourando, como todas as manhãs destas últimas semanas. Sinto também um leve incômodo na barriga, acho que a pizza do dia anterior não me fez bem. Levanto e vou até o banheiro, sonolenta. Faço xixi normalmente e, quando me inclino para alcançar o papel higiênico, sinto mais líquido escorrer. “Estranho!”, penso. O sono fala mais alto que a fome e resolve voltar para a cama. Faço o famoso teste de deitar de lado e tossir, mas nada acontece. Decido que não era nada. Até fazer outro movimento e molhar meu pijama. Ops! Corro para o banheiro, me inclino e a água sai novamente. É transparente. Tento sentir o cheiro de água sanitária que tanto falam, mas nada. A essa altura o sono já passou e estou curiosa. Deixo o short molhado no chão do banheiro, me troco e vou para a sala comer alguma coisa para não acordar o marido.

Como, assisto um pouco de televisão. Banheiro novamente. Mais líquido. Desta vez o cheiro fica nítido e meu coração acelera. Começo a conversar com o Bento “Você quer vir, filho?”. Estou calma, feliz, tranquila. Decido não acordar o marido, ele só vai ficar ansioso e nervoso à toa. Nem sentia contrações ainda, só uma leve cólica de vez em quando. Ainda vai demorar. Isto se for trabalho de parto mesmo, vai que a bolsa nem estourou? Lembro que minha médica está viajando, de férias, e agradeço mentalmente o destino por ter conseguido me consultar com a Dra. Cátia, que a substituirá, na semana anterior. Começo a perceber que seu nascimento está próximo. Dia 19/10. Não quero que ele nasça em dia ímpar! Mas sei que ele só chega amanhã. Dia 20. Lindo! 20/10. Me acalmo e sorrio

9h46. Marido me chama pelo whatsapp. “Kd vc?”. Vou encontrá-lo e não consigo segurar o sorriso. Juro que tentei ser mais sutil para não assustá-lo, mas não consigo. Ele está no banheiro. Olho para ele, caio na risada e pergunto: você está pronto para ser pai? Ele se assusta e já pergunta o que aconteceu. “Acho que minha bolsa estourou”. Desespero total. Ele diz que reparou no meu short molhado, mas achou que era xixi. Já quer ligar para todo mundo, obstetriz, médica, pai, mãe, papa. E eu rolando de rir, não conseguia conter a risada. Tentava acalmá-lo. “Calma, amor! Lembra do encontro com a Dra. Betina, só temos que ir ao hospital com contrações de 3 em 3 minutos. Elas mal começaram!”. Resolvo tomar um banho. Delícia! Não paro de rir. Começo a me depilar e ele surtando do meu lado. “Pára com isso! Não abaixa, não faz força, não agaixa!”. E eu só ria – e continuava o que estava fazendo. Ia depilar com 38 semanas, não queria parir parecendo uma macaca, né?

Saio do banho e decidimos ligar para a obstetriz. Ela me atende, está em um evento em Diadema – o que é ótimo, visto que moro em São Bernardo do Campo. Diz que me liga quando sair de lá, o que acontece por volta do meio-dia. Ela chega, ouve o coraçãozinho do Bento, que está ótimo, mede minha pressão. Não faz o toque, já que estou com bolsa rota, para evitar risco de infecção. Já sinto alguma contrações, nada muito dolorido, a cada 10 minutos mais ou menos. Ela vai embora e diz para que eu me movimente, ande, passeie, coma, faça o que quiser. Vamos mantendo contato.

Almoçamos e decidimos caminhar um pouco na área de lazer do prédio. Mal saímos e um vento gelado nos atinge. Esfriou demais, não vai dar não! Voltamos e encontramos uma moça com uma criança no elevador que diz: olha mamãe, tem um bebê na barriga dela! E eu no meio da contração digo: é, tem um bebê querendo nascer! Rs! Marido diz que minha bolsa estourou, chegamos no nosso andar e vamos embora. Foi engraçado ver a cara de espanto dela.

Deitamos no sofá e cochilamos um pouco. De repente acordo, as dores estão mais intensas. Está passando campeonato de rugby na tv e marido capotado. Não consigo mais dormir, a dor não deixa. Fico em dúvida se começo a cronometrar ou não, tenho medo de me apegar a isso e travar o TP. Baixo um app que conta as contrações. A Maíra, obstetriz, me liga e diz que a Dra. Cátia acha melhor eu fazer uma sessão de acupuntura para acelerar o trabalho de parto, uma vez que já são quase 6 horas, quase 12 de bolsa rota, estou só de 37 semanas e não fiz exame de strepto. Comento que as contrações já estão mais fortes e frequentes e, sendo assim, desistimos da ideia. Está engrenando naturalmente.

Começamos a cronometrar, estão por volta de 8 em 8 minutos ainda. Vamos esperar mais um pouco, quando perceber que estão mais próximas contamos novamente. E assim vai caminhando. Sinto as contrações ficarem cada vez mais fortes, mais próximas e mais longas. Vamos arrumar as malas enquanto isso, e os intervalos já estão por volta de 5 minutos ou menos, as contrações com mais de um minuto de duração. Peço para o marido ligar para a Maíra, seria bom ela vir aqui me avaliar. Ela diz que deve demorar por volta de uma hora, seria melhor nos encontrar aqui ou no hospital? Decidimos esperar em casa e continuamos cronometrando. A dor começa a ficar mais forte, intervalos variam de 4 a 3 minutos e começo a ficar tensa. O trajeto até o hospital é de quase uma hora sem trânsito. Tudo bem que é sábado, mas vai quê, né? Peço para o marido ligar para ela novamente e recombinamos – vamos nos encontrar no hospital.

Meu cunhado chega para buscar a Catarina, nossa filha canina, e saímos apressados, aquele clima de festa, de chegada – e de dor. Eu me contorcendo na porta do carro e eles insistindo em instalar o bebê conforto. “Deixa isso pra lá!”. Pronto. Entramos no carro e vamos.