Parte II
Continuo cronometrando, 2, 3 minutos. Às vezes 4, às vezes, 1 e pouco. Buraco.
Lombada. Ai. Mais de um minuto de contração, lombar, barriga, cóccix. Aiai.
Chegamos, são 21h20. Me alivio ao ver a Maíra nos esperando na porta – não
queria chegar antes dela de jeito nenhum. Ela nos orienta: diz que a bolsa
estourou às 18h00! Ok. Começamos a fazer a ficha, me chamam e eu entro com ela
enquanto marido termina os procedimentos de internação. Deito na maca,
cardiotoco. Tudo ótimo, mas a dor tá osso. A Maíra responde a maior parte das
perguntas que a enfermeira faz. Chega a hora do toque. Misto de ansiedade,
curiosidade e medo. Todo mundo fala que dói horrores! Estou super confiante que
já estou bem dilatada, considerando o intervalo das contrações. E aí vem o
balde de água fria: 2 para 3 cm. Putz! Como assim? Chego a me perguntar se
seria o caso de ir embora, esperar em casa até evoluir mais. Mas acho que nem
deixariam isso acontecer.
Subimos para a sala de delivery, com várias paradas no
caminho durante as contrações. Vamos só eu e uma enfermeira meio antipática –
acho que ela não era muito fã de PN. Marido e Maíra foram colocar roupa
cirúrgica. Logo ela chega e eu vou logo falando: só isso de dilatação? Acho que
eu não vou aguentar. E ela diz “calma, não pensa nisso agora. Por enquanto você
está aguentando”. Marido chega, todo lindo naquela roupinha alaranjada que mais
parece de gari. Eu já estou com uma camisolinha que não cobre nada, ajudada por
uma outra enfermeira fofíssima que diz adorar PN, ao contrário da maioria,
segundo ela. A força já tinha começado por ela: muita gente aguenta, porque
você seria diferente? Confio nela e vamos em frente.
A Maíra começa a me sugerir posições. Sento na bola e ela
faz massagens nas minhas costas. Ai, durante a contração, não! Dói mais! O
tempo vai passando. Entro na banheira, saio, deito na cama, levanto, bola,
ando. Tá difícil achar posição, ainda mais com aquele bendito acesso no meu
braço – Dra. Cátia preferiu que eu tomasse antibiótico, então lá estava eu com
aquele soro pendurado. Tomo um sorvete que a Maíra surrupiou da sala dos médicos
dentro da banheira, para dar um gás. Já está difícil ter gás.
Começo a delirar, acho que é a tal partolândia. Sinto um
cansaço intenso, durmo entre as contrações, acordo com a dor, mas já nem me sei
mais. Olho para a maca de dentro da banheira e só quero não ter mais dor,
deitar ali e dormir por uns 3 dias. Já estava pedindo anestesia. Não sei que
horas eram, devia ser por volta de meia-noite. A partir daí já não sei muito
bem a ordem das coisas. Só sei que eu implorava por um alívio da dor. O que me
incomodava, ao contrário do que leio por aí, não era a dor na barriga ou na
lombar. Era a pressão. Uma pressão no ânus fortíssima, parecia que ia me
rasgar. Comecei a brigar com as contrações, torcia para elas não virem e,
quando chegavam, puxava o corpo para cima. A Maíra dizia: para baixo, respira
para baixo, abre a pélvis. Eu tentava, mas doía muito.
Chegou comida, não conseguia comer. Precisava, mas não
conseguia. Me sentia enjoada. Vomitei. Implorava por anestesia. Dra. Cátia
sugeriu tentar um buscopam para aliviar, não era bom tomar anestesia antes dos
5cm, podia comprometer o andamento do TP. Maíra me avalia: 3 para 4cm. Quase
morri! Como assim? Com certeza eu não aguentaria, depois de tantas horas só
dilatei 1cm? Devia ser umas 2h00 da manhã. Ela diz que o colo não está sendo
forçado para baixo nas contrações. Tento fazer exercícios na bola, está difícil
demais. Me rendo. Quero ficar na banheira e quero anestesia.
Por puro azar, a banheira, que é o que mais me alivia,
também reduz minhas contrações. Mas neste momento nem quero mais saber, só
quero parar com a dor. Fico ali mais um pouco e finalmente a Maíra diz que a
Dra. Cátia já está a caminho e a anestesia será dada. Respiro aliviada, estava
totalmente certa de que isto era necessário para a evolução do TP. Minha
resistência estava atrapalhando. Pelo menos o Bento estava ótimo. Mais que
isso, os batimentos dele aceleravam durante as contrações, ao contrário da
maioria dos bebês que apresentam queda. É um farrista, adora um abraço
apertado! <3
Deito na maca e começo a observar o relógio. São mais de 3
da manhã. Clamo pela Dra. Cátia e a Maíra me assegura que ela está a caminho.
Os minutos não passam. Ela chega, finalmente. A sala parece se encher de paz,
que aura linda ela tem! Chega carinhosa, fofa, com fala mansa e baixa. Já
começo me desculpando, digo que não aguentava mais, imploro anestesia. Ela
garante que a anestesista já está chegando, só mais uns 15 minutinhos. Nossa,
como eles demoram a passar! Ela me examina novamente e, surpresa, constata: 6
para 7cm! Marido, lindo, e sabendo da minha imensa vontade de não tomar anestesia, tenta me
convencer. “amor, falta pouco!” Mas para mim não dava mais, minha decisão
estava tomada.
tá uma delícia ler esse relato!!
ResponderExcluirquando sai a outra parte?
e vc descreveu bem: a Catia tem uma aura linda, toda fofa!! Que bom que ela estava lá!
Você é forte, hein, mulher! Parabéns!! <3
Estou ansiosa para continuar lendo o relato. Até me arrepio!!!
ResponderExcluirBeijos,
Nana
A dra Cátia é isso aí: uma aura linda q transborda paz!
ResponderExcluirRealmente é uma tensão isso de não dilatar! qdo minha bolsa estourou, eu fiquei em casa, esperando a Ana chegar. Quando ela chegou, eu tava morrendo de medo de estar com 4cm. Não sei pq, mas 4 cm me apavoravam...rsrsrs Bizarro, sei que estava com 7cm e meu alívio foi imenso qdo soube que estava perto do fim (ledo engano), mas eu disse pro marido tb: se doesse mais que aquilo, eu não ia aguentar, era meu limite! mas pensando hoje, nem lembro exatamente do nível da dor, bizarro, né???
AAAAAh, louca pra ler o final! :-D
hehe
bjoks
Carol
www.meuparasita.com
Nossa pelo relato vc foi forte, aguentou bastante !!
ResponderExcluirLouca para ler a parte em que Bento chegou!!
Beijos
Adoooorando ler o relato do parto do bento *--*
ResponderExcluirEstou ansiosa para continuar lendo o relato.
ResponderExcluirBjaoooo
Aiiiiii Você devia escrever novelas!!! Meu coração já tá na boca!!! =)
ResponderExcluirComassim não acaba no segundo. hahahahahaa Ai, jisuis, não teve jeito, vou ter q esperar. Que delícia, Ló, seguir esse caminho com vc. <3
ResponderExcluirCheguei aqui agora no seu blog e tô adorando esse relato!
ResponderExcluirIsso de demorar a dilatar nos consome... Fiquei 4 dias em pródromos extremamente doloridos. Quando meu médico fez o toque, só 3 de dilatação. Murchei... Consegui parir no quarto dia.
quartinhodadany.blogspot.com
@faladany
Faz um post sobre os slings mesmo!
ResponderExcluirIsso que tu me disse de ele reclamar um pouquinho e depois dormir tbm acontece aqui em casa :)
beijão!!!