terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Historinha e a Mãe que quero ser

Eu e amor temos dois sobrinhos-netos (sim, minha gente, 2 sobrinhos-netos - gêmeos! - filhos do sobrinho mais velho do meu marido), além de 4 sobrinhos "normais". Os gêmeos, de 2 anos, são os bebês que eu mais acompanho de perto, desde bem bebezucos, e são tão apegados à nós como nós a eles. Nossa convivência, tão próxima, intensa e deliciosa, tem me ensinado muito mais do que eu jamais pensei: sobre mim, sobre minhas ideias sobre a maternidade e, principalmente, sobre tudo que eu achava que não sabia e, afinal, sei um pouquinho, sim.

Eu sempre quis um parto normal. Quer dizer, normal, não! Natural! Sempre, desde que me entendo por gente, tive esta certeza e nem sei de onde veio. Só sei que era o que fazia sentido na minha cabeça e até hoje é assim (em tempo - minha mãe teve a mim e a minha irmã de parto normal, ambos rapídíssimos, sem anestesia e, principalmente sem traumas!). Neste final de semana, fomos, eu e marido, para o interior. Em uma conversa com o meu pai, já de madrugada, só nós três, ele me perguntava o porquê de todo o bafafá ao redor da doulas e sua proibição nas maternidades do Rio. Não entendia porque elas eram tão imprescindíveis assim. Expliquei, expliquei e, no meio de tudo isso, comentei sobre minhas preferências sobre o parto (ele não estava presente no meu nascimento e nem no da minha irmã. O único parto que assistiu foi o do meu irmão, filho dele com minha madrasta - de cesárea eletiva).

Confesso que ele não entendeu muito bem o porquê das minhas escolhas. Foram as perguntas de sempre: mas pra quê você quer passar por isso, se a medicina está tão avançada? Respondia, cheia dos argumentos e estatísticas de como o parto normal é mais seguro, de como é menos invasivo e etc. e tal (maiores informações neste post UTILÍSSIMO da Nana). Ele entendeu, mas não compreendeu, especialmente a parte em que eu disse que não queria anestesia. Querer parto normal tudo bem, mas querer sentir dor? Aí já é demais para ele. Ao que ele concluiu: "Acho muito bonito você querer encarar tudo isso pelo seu filho, é uma prova de amor imensa. Mas, se isso não for possível e ele tenha que nascer de cesárea,  você vai amá-lo menos?".

É óbvio que ele sabia a resposta e queria mesmo é me deixar menos frustrada caso não seja possível ter o parto que sonho, almejo desejo - e que há grande chance de não conseguir ter devido à trombofilia (mas já estou pesquisando sobre o assunto e achei médicos que afirmam que isto não é indicação para cesárea! IUPII! Mas isso é assunto para outro post).

E toda esta enrolação historinha é para dizer sobre a mãe que eu quero ser. Eu poderia (e posso) ter uma cesárea? Claro que sim! Além de ser mais prático, eu não teria que passar por longas sessões de explicações sobre o porquê de escolher um parto normal. Aliás, a grande maioria das mulheres que eu conheço (quase todas as minhas amigas já são mães) tiveram cesáreas, têm filhos perfeitos, lindos, felizes e saudáveis e são super-mães - exemplos vivos para mim! Nunca, jamais, questionei suas escolhas e nunca o faria. Acho que parto é um assunto muito pessoal e controverso, e cada mulher deve fazer o que achar melhor para ela e seu bebê.

E EU quero passar pela experiência do parto natural. Acho que essa experiência pode ME ajudar a entender, logo no começo, que tem um serzinho totalmente dependente de mim saindo dali, de dentro de minha barriga e que minhas escolhas o influenciam diretamente. Vejam bem, não julgo quem escolhe ter uma cesárea (as mães mais dedicadas que conheço tiveram seus bebês assim) - como já disse, essa é uma escolha muito pessoal. Mas, para MIM, este é um assunto muito importante e intrinsecamente ligado às características que pretendo ter como mãe.

Eu não tenho medo da dor do parto (por enquanto - pode ser que isto mude na hora! Hahaha!), pois acredito que estarei fazendo o melhor pelo meu bebê. E esta é a mãe que eu quero ser. Uma mãe que encara as consequências de suas escolhas - inclusive se essas escolhas significam uma chance menor de complicações para mim também. Não a melhor, a mais perfeita, a que erra menos, mas uma mãe. Uma mãe que tenta acertar, que aceita as diferenças, que, assim como aprendi com os gêmeos, entenda que muitas escolhas vêm da intuição. Uma mãe que cria brincadeiras, que corre, que pula, que canta, que inventa. Uma mãe que sabe que o não é tão, ou ainda mais, importante que o sim. Quero ser uma mãe que sabe a importância da rotina, mas que também sabe quebrá-la às vezes. Uma mãe que se preocupa com a alimentação, mas não radicaliza - nada! Uma mãe que tem o respeito e a admiração do filho por ser, e não por impor.

Por fim, quero ser uma mãe que aceite estar errada, inclusive sobre estas minhas certezas. O importante é que quero ser uma mãe que, sempre, priorize o bem estar dos filhos. Isto, para mim, é a definição da mãe que eu quero ser.

6 comentários:

  1. Tive um parto rapidíssimo, sem anestesia. Foi o parto de um anjo e foi normal, eu poderia ter me internado para fazer uma cesárea, mas não quis, foi necessário para mim passar por isso, experimentar o parto e olha, em 7 minutos eu fiz tudinho, 5 dias depois eu estava pronta até pra jogar bola de tão bem que estava. Brinquei que depois dessa posso ter 15 filhos fácil. Não julgo quem quer ir lá de escova e unha feita, mas eu vou sempre almejar um PN...é rápido e tem uma recuperação fantástica.

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  2. Que post lindo Loroca, SUPER PARABÉNS por essa coragem e esse desejo de ter PN.
    Eu não tenho essa coragem e quero ter Parto Cesárea, mas que bom que você não julga e compreende essa decisão.

    Beijoos

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  3. Olá, passando por aqui pela primeira e me deparo com um assunto polêmico pela blogsfera, né? Acho que é como vc disse, uma escolha pessoal e ponto. As pessoas tem mania de comparar como se justamente como vc disse, uma mãe que tenha feito uma cesárea seja menos mãe... eu conheço mães maravilhosas de todos os tipos e isso pra mim, realmente é o de menos, cuidar, amar é o que importa, cobrar de uma mulher um parto correto é assim ou assado é no mínimo ridículo... o importante é que venha com saúde sempre.

    bjo e adorei seu cantinho :)

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  4. Oie.
    Passeando pelo blogs..encontrei o seu.. e resolvi comentar rss.
    O assunto parto é sempre realmente muito polêmico..Eu, desde sempre.. optei pela cesária, inclusive essa foi uma das condições para escolher o meu obstetra, que ele fosse a favor da cesária eletiva. Ainda falta 2 meses para a Nathalia chegar e ainda penso em optar pela cesária..as vezes me bate uma duvida..uma insegurança..mas então..eu tento relaxar e não pensar tanto no parto..bom pra mim mesmo seria..se pudesse tirá-la como um passe de mágica rss...sem esforço..sem dor.. sem corte..mas fazer o que.é o preço que se paga para ter o nosso bebezinho tão sonhado ! Vou esperar chegar mais perto..ouvir o que meu obstetra indica melhor.. e só então decidir mesmooo como será o grandeee dia!
    Bjiii

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  5. Eu sou dessas que pergunta "mas porque você não quis PN e preferiu cesárea??" não só pelo ritual lindo que é o PN, mas também porque eu tenho verdadeiro pânico de agulhas e cirurgias. Até de episio tenho horror! mil vezes uma laceração perineal natural do que meterem a tesoura na minha mimosa!! hahahah

    E nem pergunto pra julgar não, só não cabe na minha cabeça alguém PREFERIR ser agulhada milhoes de vezes, cortada em camadas e sacolejada por dentro sem o mínimo respeito, ter uma recuperação horrorosa e tomar um monte de remédios pra dor, do que deixar o bebê sair por onde ele saí naturalmente há milênios. (deixar sair por onde entrou! rá rá rá, piada infame)

    Mas não sou contra cesárea e nem acho que quem faz é menos mãe, só não quero pra mim de jeito nenhum (deus me ouça, pfvr)

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  6. Agora que descobri seu blog, estou revirando- o todo!! =]
    Entendo perfeitamente sua posição sobre o parto normal, e concordo plenamente! Quero fazer o humanizado, já sei até quais médicos e hospitais atendem isso. Acho que, para mim, a experiência da gravidez não seria completa sem o trabalho de parto e o parto normal. Esse é um momento nosso, um momento em que temos tanto a sentir! =]
    E amei a descrição da mãe que você quer ser... Tem tanta mãe que exagera pra mais e pra menos, né? Por exemplo, meu namorado teve muitas pneumonias quando criança, devido ao refluxo que só foi descoberto quando ele tinha cerca de 4 anos. Acredita que o pobre passou a infância inteira sem receber NENHUM ovo de páscoa sequer, pois não podia comer chocolate devido à dieta de refluxo? Isso é muito exagero! Até hoje a mãe do Thiago chia se vê ele tomando um copinho de coca cola... Ninguém merece.
    Tenho certeza de que você será uma ótima mãe... Tenho mesmo. =]
    Beijão!

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