quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Aprendendo a blogar - Retrospectiva 2012

Meninas,

Dei uma sumidinha básica, mas foi por um bom (e óbvio) motivo: fui passar o Natal com a minha família no interior. E foi tão bom! Fazia tempo que não ficávamos todos juntos e matar a saudade por mais de 2 dias faz bastante diferença.

Bom, como sou nova neste universo bloguístico, dei uma olhada por aí e percebi que várias meninas fizeram um balanço de 2012  - e adorei! Então resolvi entrar na onda também, mas desculpem se não for lá essas coisas, minha memória definitivamente não é minha principal qualidade.

Meu 2012:

- Começou diferente, sem que eu estivesse trabalhando fora e ainda me acostumando a esta nova configuração;
- Logo se mostrou mais parecido com os demais, e eu tive que fazer uma mini cirurgia por problemas ginecológicos em pleno Carnaval;
- Me mostrou que eu posso, sim, não ter um trabalho fixo em uma empresa e mesmo assim ganhar meu dinheiro e ainda fazer meus próprios horários;
- Me concedeu, mais uma vez, a dádiva de ser mãe, mesmo que por menos de 2 meses;
- Me ensinou que tenho que ser mais paciente e menos ansiosa, mas que os traumas ainda atuam com força no meu psicológico;
- Me trouxe a tristeza de perder meu bebê novamente e de ver o sofrimento do meu marido;
- Me reaproximou de Deus, o que me trouxe mais amparo, força, esperança e fé de que as coisas serão melhores;
- Nos ensinou a ter uma vida mais regrada e controlada financeiramente, mas mesmo assim fazer uma loucuras - como nossa tão esperada viagem para NY!;
- Me fez uma pessoa melhor e mais preparada para ser mãe e espero que, finalmente, nosso sonho se realize no ano que vem!

Que em 2013 todos os sonhos de vocês (e os meus) se realizem!

domingo, 16 de dezembro de 2012

Loucuras de fim de ano

Aí que eu e hubby resolvemos não fazer grandes coisas neste final de ano. Como meus pais são separados, era de praxe passar o Natal com a família do meu pai e Ano novo com a família da minha mãe, que mora em Bombinhas (chato, né?) e a gente já aproveitava para passear na praia. Sim, meu marido também tem família, viu, gente? Mas ele não liga muito para essas datas e assim ficou combinado desde o começo.

E aí que, como estamos planejando mudar de apartamento e, consequentemente, gastar muitos dinheiros com o novo, resolvemos passar o Natal no interior como todos os anos (até porque vai ser aniversário de 80 anos da minha vovó), e passar o ano novo por aqui mesmo. Minha irmã e o boyfriend decidiram vir para São Paulo nos fazer companhia e pronto, decidido!

E aí que, nesta quarta-feira, a Gol faz uma promoção simpática de passagens para Nova York a 25.000 milhas cada, por trecho, as loucuras de fim de ano se manifestam com força e nós dois, que somos desmiolados, sim, mas bobos, nunca, nos jogamos total! E foi assim que decidimos que vamos passar o niver do hubby, em Janeiro, na Big Apple! Yayyyyy! Tá vendo, ter marido que viaja a trabalho irritantemente constantemente tem suas vantagens!

Já sei, já sei, vamos congelar, virar sorvete, picolé, geladinho, etc. e tal. Mas fala aí se uma neve bem branquinha não dá um charme? Ainda mais que eu só vi a dita cuja uma vez, por uns 5 minutos (nem foi suficiente pra fazer guerra de bolas de neve) e o hubby nunca teve este prazer (?) de ficar com os dedinhos dormentes por causa do frio.

E adivinha o que a doida aqui está pesquisando incessantemente? Acertou quem disse lojas de bebê. E acertou também quem está pensando "ué, mas nem grávida ela está!". Pois é, people, nem grávida eu estou. Mas levanta a mão quem consegue ir para esta megalópole e perder a oportunidade de se encher de roupinhas fofas e baratinhas que um dia, com certeza, vão estar preenchidas pelo pacotinho mais lindo deste mundo. Eu, com certeza, não.


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Enquanto o baby não vem...

Eu me divirto com as aventuras da minha furry baby, a Catarina! Ela é uma yorkshire de 11 meses e é uma cachorrinha muito fofa.

Dizem até que ela é muito mimada, e tal, mas eu não acho. Não a trato como uma pessoa, claro - ela tem limites, é ensinadinha, só faz as necessidades no tapete higiênico e, na minha opinião, é muito da boazinha. Não morde nem rosna para nada nem ninguém: pode ser outros cachorrinhos, gatos, passarinhos, pessoas velhas, novas e até os bebês que gostam de pegá-la no colo (para seu total desespero). Pelo contrário, ela até é submissa demais e gruda no chão igual um tapetinho quando vê outro cachorro.

Só acho que ela é um bichinho carente demais, que precisa de amor e atenção e isto eu dou bastante! Por ser muito pequenina (pesa menos de 2kg!), ela tem a mania chata de entrar em baixo dos nossos pés. Outro dia meu marido exagerado preocupado disse que quase quebrou a perna (?) por causa dela. Oh well, it happens! Claro que isto também faz parte do preconceito natural dele, que foi mordido por um cachorro quando era criança e tem muita dificuldade para lidar com o assunto, mas vamos levando.

Chega de blá-blá-blá e vamos para o que interessa!

Primeira vez que a vi, com menos de 2 meses

Quando veio para casa, com seu brinquedo favorito: tampinha!


Dorminhoca no colo da mamãe


De chuquinhas quando os brinquedos ainda não estavam destruídos


Viajando feliz!


Minha cama, minha!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Relato dos meu abortos - Final

Quando tive meu primeiro ciclo após o aborto senti uma alegria triste... Era como que o fechamento de um período de dor, o encerramento do luto. Claro que eu ainda ficaria triste, sentiria saudade e um vazio imenso, mas a vida voltava a acontecer aos poucos. Era a limpeza, o recomeço.

O problema é que a menstruação não acabava. Fui à minha médica, tomei remédios e nada. Até que tive que fazer uma videohisteroscopia cirúrgica no carnaval para descobrir o que, afinal, estava acontecendo. E foram retirados vários pólipos do meu útero.

Depois disto, tinha que ficar um tempo sem tentar, obviamente. Quando finalmente fui liberada, resolvi passar por uma médica especialista em fertilidade, indicada por uma amiga. Mesmo tendo passado por somente (?) um aborto ela me pediu diversos exames específicos, inclusive genéticos como cariótipo. Como eles demoram um pouco para sair, fui acompanhando pela internet cada um que era liberado e pesquisando no Dr. Google o que significava aquilo.

Somente um teve alterações mas, pelo que eu havia pesquisado (acho que foi a pesquisa mais mal feita que eu já fiz, descobriria depois), não era nada demais. Porém, ao voltar ao consultório, fui inteirada do assunto. Eu tenho uma alteração genética no MTHFR em homozigoze, doença chamada trombofilia. Isto significa que meu corpo forma pequenos trombos (coágulos) que dificultam a passagem de oxigênio e nutrientes para a placenta, o que prejudica o desenvolvimento do bebê. Segundo a médica, esta era a causa provável do meu primeiro aborto. O tratamento? Aplicações diárias de anticoagulante na barriga, intravenosa. O preço? Por volta de R$ 30,00 por injeção - isto mesmo, quase R$ 1.000 por mês - que o Estado tem que fornecer pelo programa de medicamentos de alto custo, mas que negaram para mim. Enfim, assunto para outro post.

Passado o choque inicial, ela me explica que terei que fazer coito programado, ou seja, controlar meus hormônios e minha ovulação a partir da menstruação, inclusive fazendo uso de indutores de ovulação por conta da minha SOP. Assim, eu saberia o dia exato da liberação dos óvulos para ter relações no momento certo.

Minha menstruação demorou tanto a descer que o tratamento foi sendo adiado. Quando finalmente veio, estávamos pensando em trocar de apartamento e, visto que minha gravidez teria que ser mais tranquila, resolvi adiar o início do acompanhamento.

Resumindo, algum tempo depois, em outubro, eu comecei a sentir alguns sintomas e tinha certeza que estava grávida. Por volta de 2 semanas depois da minha menstruação, meus seios ficaram extremamente inchados e doloridos, eu sentia muita sede e tinha cólicas leves. Considerando que meu período nunca foi menor do que 50 dias, só podia ser gravidez!

Adiei o teste por alguns dias, meu marido dizia: calma, você acabou de menstruar! - mas eu queria ter certeza logo para começar a aplicar o remédio. Até que no dia 28/10 fiz um teste de gravidez que ficou assim:

Segunda listrinha fraquinha
No dia seguinte, desesperada, busquei o pedido para o exame de sangue. À noite, fomos até o supermercado comprar algumas coisinhas saudáveis e eu atualizando o aplicativo do laboratório (hipocondríaca e ansiosa que tem aplicativo do laboratório no celular? Claro que sim não!) desesperadamente até que aparece: beta 120! Ficamos super felizes, mas meu fantasminha pessimista já começou a soprar no meu ouvido. Achei o valor muito baixo e, enquanto hubby passava as compras no caixa, já fui pesquisar valores de referência. Resolvi me conformar que estava muito no comecinho e que estava bom, nada de pânico.

Na terça-feira fui até a minha médica que confirmou que eu estava de 5 semanas e que eu não deveria me desesperar. Repetiria o exame na quarta e veríamos a evolução. Já fiquei também com um pedido de USG que eu deveria fazer somente na outra semana.

No entanto, eu realmente não estava confiante nesta gestação. Em nenhum momento fiquei tranquila, parecia até que alguma coisa ruim tinha que acontecer logo para que eu não precisasse mais me preocupar. Não sei explicar direito, mas não consegui curtir nada. Não sei se era um pressentimento ou somente o medo, mas o prognóstico não me parecia nada bom.

Chegou a quarta-feira e o beta, que deveria ter dobrado, foi somente para 192 - bom, está crescendo, pelo menos - pensei, tentando me acalmar. Chegou o feriado de finados e minha irmã e seu namorado vieram nos visitar. Chegaram na sexta-feira à tarde e saímos para que eles comessem alguma coisa. Tomei um suco e, um pouco depois, pedi para irmos embora. Minha barriga estava muito inchada e minha calça começava a apertar, o que eu achei estranho.

À noite, saímos para jantar em um restaurante italiano e eu tomei muito suco de uva natural. No dia seguinte (e menos de uma semana depois que descobri a gravidez), quando fui fazer xixi, lá estava, no papel: uma gotinha de sangue. Meu marido até tentou me acalmar, dizendo que era do suco, mas eu não me convencia. Seguimos para o hospital e lá foi confirmado. Meu beta havia caído para 70 e eu estava tendo outro aborto.

Chorei demais e um médico muito sem noção tentou me consolar, enquanto eu, deitada só de camiseta na maca e perdendo meu filho, tinha que ouvir: "Calma, a gente sempre acha que o nosso problema é maior do que o dos outros, né? Mas vai lá na ala de alto risco para você ver o que é sofrer".

No domingo, exatamente uma semana depois das duas listrinhas aparecerem no teste, senti as temidas e pavorosas dores do aborto e lá se foi meu sonho novamente. Desta vez, o mais difícil foi ver o sofrimento do meu amor, que se abalou demais, como eu nunca havia visto.

Mas hoje é um novo dia, de um novo tempo que começou, e nós somos brasileiros e não desistimos nunca! Obrigada por lerem até aqui e vamos rumo a um novo capítulo!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Relato dos meus abortos - Parte II

Continuando...

Antes de engravidar, eu já tinha na cabeça a ideia de não sair compartilhando a gravidez por aí antes dos 3 meses. Eu sempre tive medo de não conseguir engravidar, então essa já era uma conquista muito grande (quando vi o resultado positivo, fiquei boba. Eu realmente achava que não era possível ter este resultado em um teste - pelo menos, não em um teste meu). Assim, fiquei quietinha, enquanto meu querido marido espalhava a notícia aos quatro cantos do mundo - ou, pelo menos, do Brasil.

Tudo corria bem e, enfim, chega o dia da tão esperada USG. Como eu não tinha noção de quantas semanas e eu estava e o Beta não tinha uma tabela de valores, seria quando eu descobriria meu tempo de gestação. Meu marido foi comigo e, de repente, lá estava a imagem mais linda do mundo:

Saco gestacional com embrião beeeem pequenininho
Tá, não dava para ver muita coisa ainda, mas já foi o suficiente para me sentir a mulher mais sortuda e feliz da face da Terra - e um cadinho mais tranquila, também. É, o medo já me assolava nesta época (acho que assola toda grávida, né?), mas eu nem imaginava ainda a dimensão que ele poderia tomar. Lá estava o saco gestacional, a vesícula vitelínica, tudo no seu devido lugar. Nada aparentava estar errado, ou pelo menos, não me disseram. De acordo com as medidas, eu estava de 5 semanas e 4 dias.

Depois desta constatação, comecei a contar sobre a gestação para algumas, pouquíssimas, pessoas. O tempo passava e tudo estava bem. Mudei minha alimentação radicalmente (viciada em junk food que sou), tentei estabelecer uma rotina mais tranquila, mas continuei trabalhando normalmente. Baixei vários aplicativos no meu celular que diziam diariamente como estava a evolução do meu bebê, me cadastrei em outras várias newsletters sobre gravidez e até conversava e colocava músicas para ele(a) ouvir. Compramos, eu e meu marido, a primeira roupinha para o(a) bebê e ele(a) até ganhou um presente da minha irmã e futura madrinha (não pensem que estou louca, ainda não tinha chamado ninguém para padrinho - minha irmã é que já decidiu que será ela! Rs!).

Tudo corria bem até que, quando estava com quase 8 semanas de gestação, algo aconteceu. Não sei explicar muito bem, até porque não foi nada concreto, foi uma sensação. Parecia que eu tinha perdido o contato com o bebê, e isto me deixava muito mal. Fazer coisas que antes me davam prazer, pois eu sabia que eram em prol do meu tiquinho de gente, começaram a ficar mais difíceis. Comer legumes e outros alimentos saudáveis, por exemplo, passaram a parecer uma tortura. Até comentei isto com a Mari, mas ela não achou nada demais, era somente uma fase.

Nesta época, eu já tinha um pedido de USG, mas minha médica havia pedido para que eu esperasse mais uma semana para fazê-lo. Não, não dava. Eu estava nervosa e preocupada demais e, para piorar, vi um programa na TV de uma mulher que fez o exame quando estava nas mesmas 8 semanas que eu e não conseguiu ouvir o coração, perdendo o bebê em seguida. Pronto, o dano já estava feito: eu precisava confirmar o que era aquele peso tão grande que estava me rondando.

Marquei a USG para um domingo, data em que completaria 8 semanas. Até que estava tranquila, mas aquele fantasma me assombrava lá no fundinho. Ansiosa que só eu, até perguntei para a atendente sobre o exame de sexagem fetal e resolvi que decidiria se faria ou não após o ultrassom. Enquanto isto , fiquei admirando todas as grávidas e seus barrigões que esperavam no laboratório.

Enfim, chega minha vez. A médica, se confundindo com a DUM que eu havia chutado à atendente (lembra que eu não tinha a data certa?), colocou o aparelho na minha barriga e se assustou: não era possível identificar nada. Expliquei para ela o que havia ocorrido e, confusão resolvida, ela iniciou o exame transvaginal. 

A partir daí, as coisas ficam mais confusas na minha memória. Me lembro que, no começo, estávamos olhando felizes para a tela. De repente, alguma coisa chamou minha atenção e apertei a mão do meu marido com mais força, já prevendo o que viria a seguir. Acho que foi algum comentário da médica para a assistente. E é aí que ela decreta: "É pais, infelizmente não tem batimento...". Meu mundo caiu e as lágrimas também. Soluçava desesperadamente, mesmo com o aparelho ainda lá dentro, na vã esperança da médica de conseguir captar mais alguma coisa no meu útero. Até que ela me pede: "Calma, tentar ficar parada um pouquinho. Olha ali na tela, tá vendo pulsar bem de levinho? Tá bem fraquinho, não dá para captar no som, mas dá para ver." Eu até vi, mas não me convenci. Saí, isolada naquelas salinhas destinadas às mamães que não tem boas notícias - afinal, nenhuma grávida feliz com seu bebê serelepe na barriga precisa ver esta cena, né? Não me entendam mal, eu concordo que este é o melhor procedimento a ser tomado. Mas, na hora, só me senti como o patinho feio, o vírus infame que tem que ficar longe para não contaminar o mundo cor de rosa lá fora.

A orientação era repetir o exame dali a alguns dias. No dia seguinte, tive um corrimento rosado que permaneceu a semana toda, às vezes mais intenso, às vezes menos. O resto é previsível: fiquei de repouso a semana toda (e foi aí que a maioria dos meus colegas de trabalho ficaram sabendo a respeito da gestação), refiz alguns exames de sangue para verificar a evolução dos meus hormônios (que realmente não estavam como deveriam) e, na sexta-feira seguinte, 05/08/2011, a pior semana da minha vida culminou nesta constatação trágica. Meu bebê realmente não tinha batimentos e eu estava abortando.

Falei com a minha médica que resolveu esperar que eu abortasse espontaneamente, e era isso que eu queria, também. No domingo, comecei a perder muito sangue e ela nos orientou que fôssemos até o hospital, devido às fortes dores que eu sentia. Na verdade, fortes dores é um understatement. Eu sentia dores infernais, me contorcia na sala de espera, até resolverem me dar uma medicação. Neste exato momento, senti algo grande descendo e corri para o banheiro. Não sei se por sorte ou por azar, o que eu acho que era o saco gestacional caiu no vaso e correu para o fundo, de modo que não conseguir ver nada. Pode parecer loucura, mas hoje me arrependo. Gostaria de tê-lo segurado, olhado, sei lá. Sei que não iria conseguir identificar nada, mas a ideia do meu filho tão amado sendo descartado assim me perturba. Enfim, na hora  apertei a descarga e saí.

Ainda tive que tomar uma injeção (eu sou RH negativo e meu marido positivo, para dar mais emoção! Rs!) e fazer uma USG para constatar se estava tudo limpinho - e o médico foi bem simpático enfático nisto "Não tem mais nada aqui".

E assim foi o meu primeiro aborto. Fiquei totalmente arrasada, por muito tempo. Meu marido tentava ser forte, mas quando desabava eu o dava apoio. Acho que esta é uma das questões que mais me abalam: ver aquele homem tão forte, bom, generoso e gentil passar por uma situação destas. Ele fez de tudo: foi até Aparecida do Norte pedir por nós, buscou as famosas pílulas de Frei Galvão que eu nem consegui terminar de tomar, rezou, orou, cuidou de mim... e nada. Fico com uma sensação de impotência e, principalmente, de não ser boa o suficiente, de ser a razão pelo nosso sofrimento. Pelo sofrimento dele, do amor da minha vida.

Quando voltei a trabalhar, duas semanas depois (meninas, toda mulher tem direito a licença* quando tem um aborto, viu? E para mim este tempo foi fundamental para tentar me refazer), eu não tinha voz. Nenhuma. E eu nunca, NUNCA fico rouca. Acho que era a minha maneira de me proteger, me manter para mim. Como já diria o sambista Reinaldo em Eu e a Dor:

"Tem dor que é pra gente carregar sozinho
E não dividir o pranto com ninguém
Por isso me deixa só nesse cantinho
Só eu sei pra minha dor o que convém"

*De acordo com o Ministério da Previdência, mulheres que sofreram aborto espontâneo com até 22 semanas de gestação têm direito a salário-maternidade de 2 semanas. A partir da 23ª semana de gestação, a mulher tem direito ao salário-maternidade completo, de 120 dias.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Relato dos meus abortos - Parte I

Bom, como este blog tem como objetivo ser um "backup" de causos e da minha trajetória até a chegada do meu bebê - para, um dia, quem sabe, ele poder ler e entender o quanto foi amado e desejado desde muito antes da sua chegada - acho mais do que pertinente registrar como foram meus abortos. Talvez isto possa ajudar também alguém que tenha passado ou esteja (infelizmente) passando pela mesma situação que eu. Vou ter que contar por partes, porque é muita coisa.

Comecemos pelo começo. Eu sempre tive problemas menstruais. E quando eu digo sempre, é SEMPRE mesmo. Desde a minha primeira menstruação. Eu menstruava tanto, mas tanto, que às vezes colocava dois absorventes de uma vez para evitar acidentes - e, mesmo assim, eles aconteciam. Já tive que ficar de repouso por mais de uma semana, sem nem mesmo ir à escola, por causa de uma anemia muito severa que tive. O médico queria fazer transfusão de sangue em mim, quando eu tinha por volta de 13 anos, imagina!

Enfim, ninguém descobria o que eu tinha. Quando mudei para São Paulo, fui diagnosticada com SOP (Síndrome do Ovário Policístico) e, honestamente, nem sei se era isso que me causava todo aquele sangramento. Só sei que continuei tomando anticoncepcional (que eu já tomava muiito antes de começar a ter relações sexuais, só para diminuir e regular minha mestruação). E assim foi, por bastante tempo, até eu decidir engravidar.

Quando finalmente resolvemos, eu e hubby, começar a tentar ter nosso bebê e - obviamente - parar de tomar anticoncepcional, meu corpo decidiu que não queria abrir mão da sua pílula diária e criou um cisto gigantrosco no meu ovário. Ok, back to the pill por alguns meses.

Enfim, cerca de 4 meses depois de parar com o anticoncepcional (e de ter me despedido da laranja que estava morando no meu ovário direito), me senti estranha. Para mim era (ainda é) muito difícil controlar ciclos, período fértil, etc. Afinal, minha menstruação tem vontade própria e minha ovulação, mais ainda (lembram da SOP? Pois é...). Eu estava bem tranquila com relação a engravidar: tinha voltado a fazer sapateado, que eu AMO de paixão, estava emagrecendo, trabalhando bastante, enfim, aproveitando - mas sem prevenir. Um dia, no sapateado, me senti extremamente cansada e tive que sentar no meio da aula. Isto foi o suficiente para acender uma luzinha vermelha.

Como meu marido estava viajando a trabalho e eu sempre quis fazer uma surpresa para ele ao contar da gravidez (o maior sonho da vida dele é ser pai), resolvi comprar um teste de gravidez e fazer no outro dia de manhã. Fiz. E continuei sem saber o que aquilo significava. Uma listra bem escura e outra beeeem clarinha. Fiquei tranquila, mas resolvi ligar para minha médica e comentar, quem sabe ela não me passava uma guia para fazer um Beta antes do hubby chegar? Como eu já tinha consulta marcada com ela no dia seguinte, que é quando ele chegaria, bem a tempo da consulta, ela pediu para eu esperar que ela me daria o pedido na consulta - óbvio, mas a minha ansiedade louca não queria obviedades naquele momento.

No almoço, comentei com minha querida amiga Mari, que trabalhava comigo e tinha acabado de dar à luz o bebê mais fofo do mundo. Ela sempre soube da minha vontade de ser mãe, e era mega animada com a ideia. Mostrei a foto que eu tinha tirado do teste pelo celular e ela já atestou, feliz da vida: é positivo! Eu, querendo acreditar, mas pessimista como sempre, dizia que não, acho que não. Ela até ligou para a cunhada dela que também era mãe, que confirmou, dizendo que o dela também tinha sido assim. E foi a primeira pessoa a me dar parabéns pela gravidez. Para tirar a dúvida de vez, comprei outro teste, bem baratinho, para fazer assim que chegasse em casa.

Chegando, foi a primeira coisa que fiz. A Mari me ligava, querendo saber do resultado. Quando vi, a decepção. Somente uma listrinha. Liguei para ela que ficou triste e me perguntou: como você tá? Eu estava triste, é claro, mas tranquila, afinal a esperança é a última que morre, certo? Eu sabia que não havia feito o exame da maneira certa, havia bebido uns 2 litros de água no trabalho e meu xixi estava bem diluído.

No dia seguinte, meu marido chegou e era hora de ir para a consulta. Demos uma carona para Mari até, praticamente, a esquina do consultório e, portanto, ficamos conversando amenidades. Logo que ela desceu, olhei pro hubby e disse: amor, acho que estou grávida! Meu Deus, foi a cena mais linda do mundo! Nós alí, dentro do carro, em pleno trânsito da avenida Paulista. Os olhinhos verdes dele se encheram de lágrimas e  ele quase bateu o carro! Hahaha!

Enfim, chegamos à médica, ela disse que achava, sim, que eu estava grávida, mas que eu tinha que fazer o teste de sangue para confirmar. Para complicar ainda mais a minha situação, meu celular apagou todas as datas das minhas últimas menstruações, então eu não sabia o dia exato que havia menstruado pela última vez. Great!

Saindo de lá, corremos para o Fleury que é lá pertinho e colhemos o sangue naquele dia mesmo, quase 9 horas da noite. Naquela ansiedade, o enfermeiro que tirou meu sangue era um fofo e me deu várias dicas, conselhos e disse que, apesar do horário previsto de entrega do resultado ser meio-dia do dia seguinte, lá pelas 10 já estaria pronto.

No dia seguinte, 08/07/2011, uma sexta-feira, fui trabalhar com o maior frio na barriga da minha vida. Meu marido me ligava a cada 10 minutos, perguntando se o resultado já tinha saído. Eu não trabalhei aquela manhã, só atualizava a página constantemente e tentava me distrair nos intervalos. Até que a página começa a carregar. Lentamente. E eu tensa, nervosa, ansiosa. Até que... BHCG 1.071! POSITIVO! Meus olhos se encheram de lágrimas, emoção, alegria, eu nem sabia o que fazer primeiro. Avisei a Mari, nos abraçamos, comemoramos, liguei para o hubby e ele - mesmo tendo combinado comigo que não contaríamos para ninguém - começou a gritar para quem quisesse ouvir: eu vou ser pai!

Ufa, deixa eu parar por aqui que este post já está longo demais. Continua amanhã...


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Como tudo começou


O título deste blog foi muito difícil de ser concebido (nada de anormal, considerando a pessoa indecisa que sou). Primeiro, porque eu queria um título divertido, leve, e que tivesse a ver com bebês. Segundo, porque nenhum dos títulos que eu queria estava disponível. Humpf! Acabei desistindo da ideia momentaneamente.

Até então, eu era uma tentante que já havia tido um aborto retido, seguido por um aborto espontâneo, em agosto de 2011, de 8 semanas. Foi quando me descobri grávida de novo e, pensando que meu bebê era tão pequeno quanto uma semente de gergelim, tive a brilhante (Oi?) ideia de dar este nome ao blog. Ah, pelo menos é um nome diferente e imaginativo, vai? Talvez até um pouco demais, mas tá valendo. Enfim, eu estava com tanto, mas taaanto medo de perder este bebê também, que acabei adiando um pouquinho a criação do blog.

Até que, menos de uma semana depois da descoberta, perdi meu bebê novamente, em 03/11.

Agora, aqui estou eu, mais forte, mais esperançosa, e mais disposta a compartilhar minha história com que tiver paciência de ler. E vamos rumo ao tão sonhado baby novamente!

Espero que gostem!