terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O pai dos meus filhos

Eu tenho um problema muito sério na minha vida. Quer dizer, não sei se pode ser considerado um problema - muitas vezes o considero uma benção. O fato é que eu tenho memória seletiva. Podem me dizer: ah, todo mundo tem um pouco. Mas a minha é MUITO seletiva e há várias coisas que aconteceram na minha vida que eu simplesmente não lembro. E eu não digo de coisas de quando eu era criança, não! Isso inclui fatos de quando eu tinha 15, 16 anos e também coisas que aconteceram lá pros meus 20 anos (nota: eu tenho 26 e chegarei aos meus esperados 27 no meio do ano. Sim, meu marco é 27 e não 18 como a maioria das pessoas normais). Como vocês podem ver, minha memória escolhe muito bem as coisas que eu deveria lembrar e, no mais, ela funciona direitinho (exceto com aniversários, que eu nunca lembro).

Minha infância foi muito boa, exceto pelos momentos que eu não lembro. Moramos em várias cidades do interior de São Paulo até os meus 6 anos, época em que a minha única irmã (até aquele momento) tinha uns 11 e finalmente nos estabilizamos em uma única cidade. Eu era uma menina moleca, vivia com o joelho ralado que nunca cicatrizava - a casquinha sempre era arrancada no próximo tombo. Amava andar de patins, subia em árvores e corria para lá e para cá. Na última cidade em que moramos antes de pararmos com as mudanças, tínhamos um vizinho cuja casa dividia a parede de fundos e era mais alta que a nossa. A coisa mais divertida que tinha era subir numa escada e bater altos papos pela grade (coisa que eu nunca deixaria meus filhos fazerem). Um dia, o cachorro do vizinho pulou na grade e meu primo, assustado, caiu da escada (tá vendo porquê?). Ainda bem que minha mãe trabalhava como enfermeira no hospital e estava de plantão naquele dia.

Enfim, o fato é que eu sempre achei que tudo corria bem.  Éramos quatro (faltam dois! piadinha infame) e meu senso de normalidade, junto com a minha memória, aparentemente precisa ser aprimorado. Quando eu tinha, sei lá, uns 13 anos, minha mãe disse que ela e meu pai estavam se separando. Fiz um escândalo, chorei, saí da mesa e esqueci o assunto. Achei que eles também haviam esquecido - claro, essa é uma decisão fácil de ser esquecida, não? Aparentemente só para uma memória como a minha. Quando fiz 15 anos, eu e minha mãe fomos passear na Disney e minha irmã ficou para ajudar meu pai a fazer a mudança. Dele. Será que minha memória é seletiva ou minha família sempre me manteve nos contos de fadas enquanto a vida real acontecia? Um pouco dos dois, eu diria. Acho que isso mostra o quanto tenho uma família maravilhosa, pais amorosos e presentes que, como todos, às vezes erram - mas sempre querendo acertar.

Depois disso, eu, que nunca tinha feito terapia (mas que devia - aliás, acho que todo mundo devia! Rs!), comecei a afirmar aos quatro cantos que nunca queria me casar. No papel, eu digo. "Vou só morar junto, casar pra quê? Depois fica mais fácil separar". E tinha certeza absoluta que não tinha nada a ver com os meus pais. Freud explica.

Enfim, esse lenga-lenga todo significa muito mais do que uma vontade de contar para minhas poucas leitoras mais sobre quem eu sou. Ele é o relato da pessoa que hoje eu sou, tão diferente da que um dia eu fui. Das opiniões que mudei, das coisas que aprendi, dos sentimentos que adquiri e das vontades que aprendi a ter. Do tanto, tanto, tanto que você, meu amor, é importante na minha vida.

A partir do momento em que encontrei a imensidão dos seus olhos verdes (Guilherme Arantes me entende), me instalei naquelas ilhas e por ali fiquei. Isolada do mundo, perdida no tudo que você é para mim e que eu sou com você. E foi assim, um mês depois de te conhecer, que resolvi que queria me casar. No papel. Amanhã. Não, hoje. Não, ontem! Tarde demais, já foi, já era, te amo, te caso. Ainda é.

E é com você que eu aprendo, cada dia mais. Aprendo a ter a vida que queremos ter, aprendo a me deixar ser eu mesma, como sou só com você.

E é você, como só você pode ser, que me mostrou o pai que eu quero para os meus filhos. O pai tão carinhoso, cuidadoso, presente, exemplar e trabalhador que você já foi (e ainda é, nossos anjinhos nos amam lá do céu, assim como nós a eles) e ainda será, muito mais. Foi você que me tirou o medo, que me fez  ver, só sendo, que poderemos ter filhos com memórias, muitas, intensas, maravilhosas, infinitas.

E é você, meu amor, que me traz, sempre, a vontade de nunca mais esquecer nenhum momento ao seu lado, pelo resto da minha vida.

6 comentários:

  1. Loroquita, que coisa mais linda esse seu post! Como é bom amar! :)

    ps.: eu também tenho memória MUITOOO seletiva! hahahah

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  2. Ai que lindooooo...O amor é tão lindo,puro e inocente!
    Parabens!own...
    Bjus
    http://www.cotidianomaterno.com

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  3. eita é o amor! que lindo!
    Que o Senhor continue abençoando vcs
    Deus abençoe!!!

    Aah... eu tbém tenho memória seletiva.. kkkk

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  4. O amor é liiiiiiiiiiiindo!! Parabéns ao casal!!

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  5. Que declaração linda! Só o título já é uma declaração! Parabéns

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